O museu de Arte Sacra de São Paulo foi criado em 1969, em uma colaboração entre o governo do Estado e a Mitra Arquidiocesana de São Paulo. Está localizado no Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz, um edifício tombado como patrimônio histórico.
O museu conta com um dos acervos de arte religiosa mais importantes do país. São aproximadamente duzentas mil peças que datam desde o século quarto antes de Cristo até os dias de hoje, totalizando 25 séculos de história. Porém não são todas as peças que ficam expostas. Na verdade, a maior parte do acervo fica guardado na reserva técnica por falta de espaço. Além desse acervo, o museu ainda conta com diversas exposições temporárias que acontecem durante tempo indeterminado. “O museu pesquisa artistas ou colecionadores, com obras ou coleções que dialogam com o tema do museu, que é arte sacra, e acaba convidando pra criar uma exposição aqui”, explica Anderson Shiamoto, educador do museu.
Além da exposição comum, um dos maiores presépios do mundo, com cerca de 1620 peças é aberto para visita durante apenas duas horas por dia. Ele mostra o vilarejo de Nazaré no tempo de Jesus dando destaque aos trabalhadores e comerciantes da época. A obra foi uma doação da família Matarazzo e chama a atenção principalmente pelo detalhamento e pela impressão de movimento que é passado para quem está observando. “Acho que o principal é a questão de movimentação, apesar de ser um presépio estático, eles sempre dão essa sugestão de movimento que é muito típica do período do barroco”, explica Ayme Okasaki, outra educadora do museu.
O espaço do mosteiro abriga ainda, além do Museu da Arte Sacra e o Museu do presépio, uma capela, que promove diversas missas. Além disso, o prédio ainda funciona como mosteiro feminino, onde vivem treze freiras em ordem de clausura. “A única relação delas com o museu é de donas, porque o museu é inquilino delas. O governo paga aluguel para elas”, conta Anderson.
O restaurador de peças de igrejas, Jorge Antônio Dias fez sua primeira visita ao museu e ficou admirado. Acompanhado da esposa e do irmão, ele contou que mora no interior e sempre que eles visitam a capital gostam de conhecer algum museu novo. O que mais chamou a atenção de Jorge foram as diversas peças do século XVII e os trabalhos do escultor Aleijadinho, que ele nunca tinha tido muito contato. “É uma riqueza incalculável pra história e para tudo o que você imaginar”, ele finaliza.
Os educadores ainda comentaram acreditarem que o museu deveria receber mais visibilidade e divulgação, pois é um ambiente diverso que oferece mais do que apenas arte sacra. “O museu organiza vários eventos para atrair idades diferentes de público e gostos. Além da exposição fixa e das temporárias, tem tardes musicais com música desde erudita até popular, nem linca com música sacra em si”, comentou Anderson. Existe também um “Cine debate”, em que é exibido um filme, que não tem necessariamente uma temática religiosa, e depois é feito um debate sobre o tema com um professor convidado. O museu disponibiliza encontros para professores e profissionais de turismo, cursos e palestras de assuntos variados.
O museu da Arte Sacra de São Paulo está localizado no mosteiro da luz, perto da estação Tiradentes do metrô. Funciona de terça a domingo, das 9 às 17 horas. Aos sábados a entrada é gratuita, nos demais dias, o ingresso custa 6 reais, estudantes pagam meia. Estão isentos de pagamento idosos acima de 60 anos, crianças até 7 anos, professores da rede pública (com identificação) e até 4 acompanhantes, Policiais Militares, Civis e da Polícia Técnico-Científica. As próximas exposições já estão marcadas, serão a instalação contemporânea “Silêncio” da designer Elisa Stecca, disponível até junho, e também uma coleção do museu que vai falar sobre os Doutores da Igreja.