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Ilusão perfeita

Como o sucesso dos 'digital influencers' está distorcendo a realidade

A internet é, sem dúvida nenhuma, a maior descoberta dos últimos tempos. Ela já atraiu quase todo o mundo para seus adventos, sejam as redes sociais, aplicativos ou sites dos mais diversos assuntos. Nessa nova onda surgiram os influenciadores digitais. Eles são youtubers, blogueiros, instagramers e etc, que utilizam seus perfis nas redes sociais para se comunicarem com as pessoas. Alguns deles alcançaram níveis de fama maiores do que muitos atores e atrizes consagrados da televisão. Whindersson Nunes, por exemplo, é o maior youtuber no Brasil e seu canal, atualmente, tem 29 milhões de inscritos. Em outra rede social, o Instagram, Whindersson alcançou a marca de 21 milhões de seguidores, enquanto Nicole Kidman, uma das maiores estrelas de Hollywood, coleciona “apenas” 1 milhão.

Isso mostra a força que a internet e suas “crias” têm hoje em dia, no mundo virtual e fora dele. No universo do marketing, os influencers são uma grande mina de ouro que as empresas usam para divulgar seus respectivos produtos e serviços. Como cada influenciador tem seu nicho, as empresas pesquisam bem para encontrar algum que tenha o perfil que eles procuram. A blogueira Gabriela Pugliesi é conhecida por ser uma “musa fitness”, atraindo assim, comércios que transitam nesse mundo de exercícios e alimentação saudável. Já o youtuber Rafael Lange, mais conhecido como Cellbit, faz vídeos voltados para o universo dos games, por isso atrai anunciantes desse meio.

Muito mais do que mostrar suas rotinas e criar seus conteúdos na internet, esses influenciadores vendem uma ideia de vida perfeita, em que nada de ruim acontece e não existe tristezas ou problemas. Com isso, os seguidores dessas pessoas começam a se sentir piores sobre as próprias vidas, por acreditarem que a vida daquele famoso é muito melhor do que as deles. Como já dizia o filósofo iluminista Montesquieu, muito antes de toda essa história de internet, “Se quiséssemos apenas ser felizes, seria fácil. Mas queremos ser mais felizes que os outros, o que quase sempre é difícil, já que pensamos que eles são mais felizes do que realmente são”.

Seja em relação a roupas, viagens, corpo escultural ou eventos badalados, quem segue esses influencers gostaria de estar no lugar deles, acreditando que aquela é a melhor vida possível. Esquecem-se que ali existem pessoas reais, com seus medos e complicações. Nas redes sociais, não só os famosos, mas também os desconhecidos, querem mostrar a melhor parte da sua realidade. Ninguém posta sobre estar brigando com o namorado ou passando dificuldades financeiras, publicam apenas sobre compras caras e viagens para lugares incríveis. É aí que se cria a grande ilusão da internet.

As consequências

Por causa da exposição que esses influencers se submetem, atrelado ao pensamento da vida perfeita, muitos seguidores se vêem no direito de deixar comentários maldosos ou grosseiros nas publicações das novas celebridades. No artigo “Cracolândia: o sucesso de um política pode ser medido por número de likes?”, do blog do Sakamoto, ele afirma: “A tecnologia em si não é boa, nem má — depende do uso que fazemos dela.”. A sensação de “proteção” que a internet dá, afinal é possível criar perfis fakes e comentar nas publicações de qualquer pessoa do mundo, deixa o usuário confortável para opinar na postagem dos, nesse caso, digital influencers.

“Mas não são eles, figuras públicas, que escolheram essa vida exposta?”

O pensamento de muitos internautas que acompanham diariamente os xingamentos e as ofensas é esse: se está expondo a vida, está disposto a aguentar as opiniões sobre ela. A empatia já virou apenas uma palavra ou as sub celebridades só não a merecem?

O que podemos tirar de lição de toda essa experiência é que, não se deve acreditar em tudo na internet. A vida de ninguém é perfeita, por mais que pareça ser. É preciso que as pessoas não se diminuam diante dos famosos que eles pensam que vivem uma vida de sonhos. Todo mundo tem seus altos e baixos. É preciso também, encarar os influenciadores digitais como pessoas normais, que pensam e sentem como qualquer outra. Por isso, não se deve glamorizar suas vidas e muito menos invadir a privacidade deles como se tivesse esse direito. No final das contas, o que reina é o velho ditado: “cada macaco no seu galho”.

Referência bibliográficas

SAKAMOTO, Leonardo. Cracolândia: o sucesso de um política pode ser medido por número de likes? Disponível em: <blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/05/25/cracolandia-o-sucesso-de-uma-politica-pode-ser-medido-por-numero-de-likes/>. Acesso em: 20 maio 2018.

BOPP, Bruna; GONZÁLEZ, Letícia. Vida perfeita só existe no Facebook.Disponível em: <revistatrip.uol.com.br/tpm/vida-perfeita-so-existe-no-facebook>. Acesso em: 20 maio 2018.


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